Hoje passei na rua e vi alguém a remexer no lixo, enquanto eu colocava as
minhas compras no carro. Triste imagem essa que por vezes evitamos olhar,
perceber ou mesmo abordar. Será que a grandeza que leva essas pessoas a tomar
tal atitude é a mesma de quem passa os dias a vasculhar no "lixo do
passado"? Será que a fome de ser feliz, a necessidade de nos alimentarmos
com imagens, textos ou locais, à procura da serenidade outrora presente, nos
leve a vasculhar nos nossos baús ultrapassando vergonhas e medos. Quantas vezes me senti tentado a fazer um desvio no meu percurso só para
sentir... só para estar ali onde o epicentro tem o dom de silenciar todo em meu
redor e deixar-me (re)viver aquele momento. O som, o cheiro, a paisagem. Foi
ali.
As cartas, os bilhetes, os poemas. Montes e montes de papeis contendo aquilo que realmente me fez chegar até eles: a necessidade de sentir o cheiro da felicidade! Eu sei que ao abrir aquela gaveta, toda aquela fantasia vai ganhar vida, os papeis vão sair da gaveta como fogo de artifício, as fotos ganham vida e cor, os postais saem voando como um bando de pássaros famintos de liberdade. Tudo isto rodopia nos "céus" do meu quarto, proporcionando-me um espectáculo de emoções que vão explodindo à medida que me deixo levar por tudo aquilo que elas contêm. (...) De repente caio em mim e vejo que apenas coloquei os dedos no puxador!
Acabou. Acho que é aqui que eu digo adeus a este capítulo da minha vida. Apenas quis pisar as pegadas firmes que dava porque já não sinto qual o chão que deva pisar. Agora, todas as fotos ficam imóveis e repletas de um cinzento frio. Os papeis, os bilhetes, os postais, todos eles voltam à gaveta mágica mas agora numa marcha fúnebre onde as lágrimas de cada um borratam os textos absorvendo as palavras e provocando o mais longo dia de chuva até então. Apagam-se as pegadas, os rastos, os cheiros e a facilidade de viver.
Por isso ainda hoje gosto dos dias chuvosos e esteja onde estiver, venho cá fora e deixo-a bater na minha cara e sentir cada palavra que cada gota traz e ao chegar à minha boca sinto finalmente o seu sabor, o sabor da felicidade.
(fazia algum tempo que não escrevia... amanhã volto a abrir a gaveta)
As cartas, os bilhetes, os poemas. Montes e montes de papeis contendo aquilo que realmente me fez chegar até eles: a necessidade de sentir o cheiro da felicidade! Eu sei que ao abrir aquela gaveta, toda aquela fantasia vai ganhar vida, os papeis vão sair da gaveta como fogo de artifício, as fotos ganham vida e cor, os postais saem voando como um bando de pássaros famintos de liberdade. Tudo isto rodopia nos "céus" do meu quarto, proporcionando-me um espectáculo de emoções que vão explodindo à medida que me deixo levar por tudo aquilo que elas contêm. (...) De repente caio em mim e vejo que apenas coloquei os dedos no puxador!
Acabou. Acho que é aqui que eu digo adeus a este capítulo da minha vida. Apenas quis pisar as pegadas firmes que dava porque já não sinto qual o chão que deva pisar. Agora, todas as fotos ficam imóveis e repletas de um cinzento frio. Os papeis, os bilhetes, os postais, todos eles voltam à gaveta mágica mas agora numa marcha fúnebre onde as lágrimas de cada um borratam os textos absorvendo as palavras e provocando o mais longo dia de chuva até então. Apagam-se as pegadas, os rastos, os cheiros e a facilidade de viver.
Por isso ainda hoje gosto dos dias chuvosos e esteja onde estiver, venho cá fora e deixo-a bater na minha cara e sentir cada palavra que cada gota traz e ao chegar à minha boca sinto finalmente o seu sabor, o sabor da felicidade.
(fazia algum tempo que não escrevia... amanhã volto a abrir a gaveta)