segunda-feira, 27 de outubro de 2008

... All Hallow's Eve

Em tempos, costumava festejar o Halloween, embora que, muito suavemente. Era um sentimento especial, quando chegava a noite das bruxas e me juntava com os meus amigos para jantar, com a casa repleta de bruxas, umas davam risadas outras mantinham-se estáticas. Havia também caveiras, abóboras, monstros e velas espalhadas por toda a casa mantendo assim uma ambiente de elevação espiritual. Claro que não podia faltar a música. Essa era escolhida a dedo para a ocasião.
Depois de jantar, escolhia-mos sempre um ou dois filmes mais assustadores para vermos pela noite dentro enquanto substituíamos as pipocas pelas castanhas assadas. E era assim! Pacifico.
Lembro-me também, já há muitos anos, nessa mesma noite, estar com uns amigos, quatro, perto de um pinhal e dentro do carro de um deles, a conversar sobre bruxas e os respectivos bruxedos. Estivemos ali até de madrugada. Eu pouco falava e parece que a cada história que contavam, os meus olhos pareciam já ver mais qualquer coisa lá fora, que simples pinheiros altos a dançarem ao vento. Quando todos já não conseguiam esconder o quanto estavam assustados com os mitos e lendas, resolvemos ir embora. A mim, tiveram que me levar a casa e esperar que eu acendesse a luz do meu quarto, sinal que estava tudo bem e, segundo vim a saber, eles dormiram todos na mesma casa.
Este ano vou fechar-me no meu quarto. Eu e todos os artefactos que a ocasião proporciona e que ao longo dos anos fui coleccionando, para que um dia, como este, possa proporcionar um Halloween como sempre sonhei.
Ainda não vai ser desta.
Feliz Halloween para todos.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

... Devotion


Parabéns Filipe...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

...Autumn

Embora cada vez mais pareça que só existem duas estações do ano, uma em que chove mais e outra em que chove menos, … estamos no Outono. E é no Outono que mais gosto de respirar. Gosto de acordar com uma manhã enevoada que tarda em descobrir. À tarde, sente-se o aveludado laranja do sol a tentar aquecer a pouca seiva que ainda existe nos troncos, ramos e folhas das árvores. Infortúnio, claro! Estas acabam sempre por secar e cair e dão-nos a oportunidade de caminharmos sobre elas, nos passeios, ouvindo-as estalar debaixo dos nossos pés. E por sim a noite cai como um olhar triste de um lobo qualquer.
O meu sangue não gela. Por isso é que consigo andar sobre as folhas secas, caminhar à chuva e sentir o vento a despentear-me enquanto observo o mar, sentado no paredão. E enquanto caminho nas sombras dos ramos outrora fecundos, eu sinto seguro e livre, também não sei mais para onde ir, mas sei que não consigo estar onde não pertenço.

As palavras saem murmurando deste lápis
Como se os teus ouvidos fossem este papel,
Palavras cinzentas, riscos e traços
Dum lápis vácuo e agora invisível.

Teus ouvidos já não são de papel
Nem espaços têm para eu escrever.
São mudos às palavras que grito,
São cegos e jamais quererão ver

E se eu regasse as árvores da rua
Com sopa de letras e a chuva que cai do céu,
Cada folha que agora caísse
Trazia escrito um verso meu.

E, talvez com a ajuda do vento
As fizesse chegar junto de ti.
Seriam pisadas,
Varridas, ignoradas,
Mas a minha vontade eu cumpri.

Parabéns Marisa!