segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

... Good day to be alive!

(Ligo o isqueiro e acendo um cigarro…)

Caminhava sozinho pelas ruas encardidas de dúvidas e sombras irrequietas, desviando-me o olhar dos paralelos irregulares da calçada.

O dia perpetuava-se de chuva e lá ia eu, pontapeando as latas vazias, pisando as poças de água e eis que surge, por detrás de um trovão, uma voz divina, dirigida na minha direcção:

- “Filho, isto não é o melhor caminho. Tu tens de trabalhar e estudar para construir o teu futuro. Amar e ser fiel. Só tens que seguir o meu caminho, o caminho da luz”.

-“Mas, …quem és tu!?”- Perguntava eu,

-“Sou deus.”

E lá inverti eu o caminho. Seguindo agora a luz divina.


(faço umas bolinhas de fumo...)


-“Hoje é um bom dia para se estar vivo!” - Exclamava ele, enquanto desaparecia.

Trabalhei, estudei e amei, … mas a certa altura, o que parecia ser uma luz ao fundo do túnel, tornou-se num comboio descontrolado que me derrubou, espalhando por todo o lado, os anos de trabalho, a dedicação ao estudo e o amor que construí…


(dou mais uma passa…)


Apesar de todo o desalento ao ver tamanha destruição, nem tudo estava perdido, pois estava sentado numa poça de água e tinha uma lata vazia ao meu lado, para pontapear.


(apago o cigarro, prensando a beata no cinzeiro…)


(mas deus não existe… ás vezes falamos para o boneco, mas outras vezes é o boneco que fala para nós!)


(tenho que deixar de fumar disto!)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

... Bloody Sunday

Hoje acordei com as mãos cheias de sangue. Pelo brilho do mesmo dava para notar que estava fresco e que pertencia a alguém tão inocente quanto eu. A primeira reacção foi olhar-me ao espelho e procurar exaustivamente uma qualquer ferida que pode-se ter disputado todo aquele cenário.

Nada…

Fechei os olhos e os flashes encandearam-me a negra visão e lá estava ela. A vitima mais recente de alguém cuja intenção não nunca foi despertar o seu amor ou trazer ilusões seminais …., mas que, no entanto matou!

Quando eu era mais novo, a minha avó contava-me em histórias que, as sereias usavam o seu canto e conduziam os marinheiros à morte. E o quanto eu preferia que assim fosse…

Por muito que procure nos meus sentimentos uma razão para viver, por vezes torna-se difícil, quando os mesmos servem para destruir todos aqueles que ousam aproximar-se de mim.

Se eu não estivesse habituado, hoje estava longe. Quieto. Calado. Resguardado pela parede que indisponibiliza toda e qualquer preservação do mártir que preside em mim.

Depois disto de nada vale lavar as mãos. De nada serve cobrir a carcaça com lágrima e flores para que se mande o cheiro da minha culpa para o túmulo.

Se ao menos eu te pudesse dar todo o sangue que esvaziei das tuas veias. Se ao menos eu pudesse fazer com que as minhas palavras conseguissem erguer um muro bem mais alto e sólido. Se eu não adivinha-se!

Em 1917, Franz Kafka escreveu o seguinte no conto O silêncio das sereias:

As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

... SomeOne!

Por cada momento que passo na vida, acabo por aprender uma lição... Gostava apenas de assimilar estes sentimentos de outra forma, como se fossem únicos, especiais... e são! Dou por mim a pensar porque não tirei maior partido deles, porque afinal cada momento ilustra o que na realidade sou e o que quero ser... única!

Perco-me nos sonhos do passado... guardo-os num sítio chamado memória, desejando nunca os esquecer, mas mantê-los longe do pensamento...

Quero mostrar-te quem sou, como consegui chegar até ti... dizer-te que só te posso dar aquilo que sou, marcando a minha presença no teu mundo e esperar que a minha ausência te traga até mim!

Ainda que os teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos, como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão... (Saint-Exupéry)

sábado, 23 de maio de 2009

...To B! or not to B!

Se alguma fez fosse questionado sobre como é ir ao Céu e vir num curto espaço de tempo, provavelmente falaria de ti, tenho-te a dizer. (sorriso)
É incrível como conseguiste mexer com todos os meus sentimentos, de uma maneira muito peculiar, do nada Como é que em tão pouco tempo vi-te, conheci-te, gostei de ti, descobri coisas que, contra o que pensavam, fizeram com que me aproxima-se mais de ti, mais e mais. Mesmo! Não tens noção! (sorriso)
Nunca te consegui explicar o que sentia, o que me limitava. O que fazia com que tu corresses sempre mais à frente do que eu. No fundo, como se sente um anjo que nunca quis voar.
Tinha o corpo árido e ulcerado demais para poder acompanhar tudo aquilo me davas. Tudo em ti crescia. Eu, ficava pávido e sereno contando todas essas cicatrizes que me faziam lembrar de que o passado era (ainda) real.
Percorri o Céu e o Inferno. Fui demónio da minha própria cumplicidade. Enforquei anjos, trespassei criaturas e comigo caíram Damballa, Behemoth e Ahpuch.
Hoje*, levanto-me penosamente e louvo cada minuto que passei contigo. Agradeço a oportunidade que me deste de sentir o teu carinho, a tua amizade, o modo lascivo com que tu me olhavas e aquele teu sorriso… insolente.
Apareceste antes do tempo, …mas ainda bem que apareceste!

* talvez, o fim do tempo que precisava, para acreditar em mim e em todos!