(Ligo o isqueiro e acendo um cigarro…)
Caminhava sozinho pelas ruas encardidas de dúvidas e sombras irrequietas, desviando-me o olhar dos paralelos irregulares da calçada.
O dia perpetuava-se de chuva e lá ia eu, pontapeando as latas vazias, pisando as poças de água e eis que surge, por detrás de um trovão, uma voz divina, dirigida na minha direcção:
- “Filho, isto não é o melhor caminho. Tu tens de trabalhar e estudar para construir o teu futuro. Amar e ser fiel. Só tens que seguir o meu caminho, o caminho da luz”.
-“Mas, …quem és tu!?”- Perguntava eu,
-“Sou deus.”
E lá inverti eu o caminho. Seguindo agora a luz divina.
(faço umas bolinhas de fumo...)
-“Hoje é um bom dia para se estar vivo!” - Exclamava ele, enquanto desaparecia.
Trabalhei, estudei e amei, … mas a certa altura, o que parecia ser uma luz ao fundo do túnel, tornou-se num comboio descontrolado que me derrubou, espalhando por todo o lado, os anos de trabalho, a dedicação ao estudo e o amor que construí…
(dou mais uma passa…)
Apesar de todo o desalento ao ver tamanha destruição, nem tudo estava perdido, pois estava sentado numa poça de água e tinha uma lata vazia ao meu lado, para pontapear.
(apago o cigarro, prensando a beata no cinzeiro…)
(mas deus não existe…
(tenho que deixar de fumar disto!)
1 comentário:
Desculpa, entrei numa porta mas acabei por me perder e ficar por aqui,acho bem mais interessante este lado de cá. Agora vou, mas hei-de voltar... a este lado, claro...
B. ;)
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